Minimização do impacto da mineração
O Brasil tem um dos mais rigorosos requisitos ambientais e sociais do mundo em termos de gestão de riscos para o ambiente, designados a proteger a sua biodiversidade, comunidades indígenas e patrimônio cultural. Não é só o meio ambiente que deve ser considerado. Empresas de exploração mineral têm obrigação de certificar que as comunidades locais nao fiquem suas dependentes em termos de trabalho e devastadas uma vez que a exploração termine.
Traçando o inexplorado
Para desenvolver o projeto de cobre Salobo, a Vale necessitava obter uma licença de operação específica para a área de mina de aproximadamente 45 km². No entanto, foi difícil a obtenção dados uma vez que o local se situava numa zona remota. Grande parte da Amazônia está ainda por explorar tornando o impacto da mineração difícil de avaliar. A empresa recorreu aos especialistas ambientais da Habtec, atualmente parte do Grupo Mott MacDonald, que se compremeteram a desenvolver estudos sobre a fauna aquática e terrestre, de modo a conduzir o projeto no prazo adequado.
As análises no local do projeto Salobo foram um verdadeiro desafio devido ao difícil acesso. Belém, a metrópole mais próxima fica situada a 1.000 km e o aeroporto a 270 Km, com acesso na grande maioria por estradas não pavimentadas. A nossa contribuição foi vital para a realização do programa uma vez que sem a licença o projeto não poderia ter sucedido.
Mobilizamos 70 pesquisadores de universidades locais de todo o país com vasta experiência em ecologia da floresta amazônica, para nos ajudar na coleta de amostras da reserva natural, renforcando nossa equipe permanente de 20 especialistas.
Vida selvagem e trabalhadores
Nossos especialistas se depararam com uma área de abundante vida selvagem com variadas espécies raras e algumas espécies ameaçadas. Entre a fauna exótica que catalogamos encontramos não só os quase extintos jaguar e leopardo, mas também outros tipos de felinos habituais da bacia amazônica; 241 espécies de pássaros incluindo a ameaçada arara-jacinto, 257 variedades de formigas, 109 espécies de abelhas, 93 espécies diferentes de anfíbios e répteis, e quase 40 tipos de mamíferos incluindo macacos, veados, antas e tatus. Possuímos um conhecimento profundo da vida selvagem terrestre e aquática, seus habitats e movimentos migratórios.
Apesar da vasta área de terreno necessária para a mina de cobre – aproximadamente 6.300 campos de futebol – o Salobo está rodeado de 12.000 km quadrados de floresta, o suficiente para evitar o realojamento da fauna para uma floresta artificial.
Conhecer a ecologia local foi também de uma importância primordial para a segurança dos trabalhadores, uma vez que doenças endêmicas como a febre amarela ocorrem em florestas tropicais. Através de uma ideia clara da área e do que dela consta, foi possível recomendar equipamento de proteção apropriado e vacinação.
O nosso relatório foi enviado para o Ministério Brasileiro do Meio Ambiente em menos de seis meses do início do contrato. O nosso trabalho resultou não só na emissão da licença para a Vale, como também num comentário positivo por parte do Ministério dizendo que a avaliação submetida foi uma das mais eficientes.
Reavaliando o escopo e reduzindo custos
O nosso papel não terminou ali. Monitoramos o meio ambiente durante os três anos de exploração da mina, analisando seus impactos na fauna e propondo medidas de mitigação utilizando nosso vasto conhecimento da região. Tornou-se claro para a nossa equipe que a coleta de amostras da reserva natural era desnecessariamente extensa. Recomendamos que a atividade fosse concentrada e reduzida diminuindo as áreas em estudo, o que foi aceite tanto pelo nosso cliente como pelo governo. Uma opção mais sustentável, eficaz e rentável, que não só cumpriu inteiramente com a regulamentação salvaguardando a Amazônia mas também reduziu custos para o cliente.
Em 2012 completamos o programa e foi concedida a licença de operação para mineração. Atualmente prestamos serviços de educação ambiental aos trabalhadores, desenvolvemos uma trilha ecológica e publicamos cinco livros de catalogação de espécies encontradas na área.